Washington aguarda impaciente a audiência do ex-diretor do FBI James Comey Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Miércoles, 07 de Junio de 2017 10:23

Congresso americano volta ao centro do panorama político internacional com a investigação sobre a suposta relação entre o comitê de campanha de Trump e o governo da Rússia. Duas audiências públicas acontecerão nos próximos dois dias, contando com o depoimento-chave de James Comey, ex-diretor da polícia federal dos Estados Unidos (FBI).

Casa Branca alegou que Comey 'não estaria apto a liderar efetivamente o FBI' (Foto: Reuters/Jonathan Ernst/Kevin Lamarque)

Comey, demitido de surpresa por Donald Trump em 9 de maio, se manteve em silêncio desde o fim de sua carreira no FBI. Ele será interrogado na quinta-feira (8) pelo Senado em uma audiência pública para determinar se o presidente o pressionou, buscando influenciar o rumo da investigação no caso russo.

 

Os depoimentos anônimos de pessoas próximas a Comey e suas notas escritas, que já foram publicadas pela imprensa norte-americana, parecem indicar que houve um contato entre membros do comitê de Trump e Moscou durante a campanha eleitoral de 2016. Isso poderia ser considerado pelos senadores como uma tentativa de obstrução da Justiça, crime que justificaria a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Trump.

De acordo com a CNN, Comey estaria disposto a contar tudo o que sabe sobre o caso.

Uma primeira parte desta audiência pública será realizada na quarta-feira (7), também diante da Comissão de Inteligência do Senado, com quatro testemunhas importantes: o diretor de Inteligência Nacional, Daniel Coats, o chefe da Agência de Segurança Nacional (NSA), Mike Rogers, o diretor interino do FBI, Andrew McCabe, e o procurador-geral adjunto, Rod Rosenstein.

O vazamento de um documento secreto da NSA que apareceu no site The Intercept na segunda-feira (5) pôs mais lenha na fogueira política.

Uma funcionária terceirizada do governo federal foi detida pelo FBI por vazar esse documento, que detalha como os serviços de inteligência militar russa tentaram invadir várias vezes os sistemas eleitorais dos EUA antes da eleição presidencial de 2016. O Kremlin negou qualquer tipo de ingerência no pleito americano.

Este documento, cuja veridicidade foi confirmada por Washington, confirmaria as suspeitas de ciberataques realizados pela Rússia para minar a confiança do povo americano no sistema eleitoral e assim prejudicar a candidatura da democrata Hillary Clinton.

Fumaça sem fogo

Trump já deixou claro que não está preocupado com esse caso e que quer virar logo a página. Entretanto, a investigação - agora nas mãos do procurador especial independente Robert Mueller – está paralisando sua presidência.

"Não há dúvidas de que manter os membros do Congresso focados nas investigações prejudica nossa agenda legislativa", disse na segunda-feira o diretor da Casa Branca para os Assuntos Legislativos, Marc Short.

Os republicanos, que têm a maioria na Câmara e no Senado, estão atrasados em seus planos de reforma. Embora tenham feito o possível para ignorar este tema, não puderam evitar que o Congresso cumprisse com sua missão de controlar o poder Executivo.

Comissões do Senado e da Câmara de Representantes têm investigado há meses as tentativas de interferência de Moscou nas eleições presidenciais e a suposta relação com o comitê de campanha de Trump.

O objetivo destas investigações é mais ambicioso do que aquelas realizadas por Mueller, pois se concentram em identificar crimes específicos. Querem revelar as atividades de espionagem da Rússia nos Estados Unidos e identificar os eventuais cúmplices locais.

Hillary Clinton tem certeza que os russos foram ajudados por políticos americanos. “Há muita fumaça”, disse no domingo o vice-presidente da comissão do Senado, Mark Warner, “mas ainda não há fogo”.

Os democratas asseguram que perguntarão a Daniel Coats e a Mike Rogers sobre uma afirmação relatada em um artigo publicado pelo Washington Post, segundo o qual o presidente teria lhe pedido em março para negar publicamente a existência de uma colusão com a Rússia.

Para o círculo mais próximo de Trump, tudo não passa de uma intriga.

“Esta é a maior farsa de toda a história”, afirmou na segunda-feira (5) um dos filhos do presidente, Eric Trump, à emissora ABC. “Para mim é o establishment tentando evitar que [Donald Trump] ganhe de verdade”, declarou outro de seus filhos, Donald Trump Jr.

G1- GLOBO

Última actualización el Jueves, 08 de Junio de 2017 10:37