Lula chega aos EUA nesta 5ª feira, 9.fev.2023, para restabelecer a relação com o governo de Joe Biden Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 09 de Febrero de 2023 13:58

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, chega aos Estados Unidos nesta 5ª feira (9.fev.2023) com a missão de restabelecer a relação do Brasil com o governo de Joe Biden, 80 anos, e de levantar uma agenda econômica com os americanos que passa pela discussão climática e o fortalecimento do comércio bilateral. Temas sobre direitos humanos também devem estar na pauta.

Lula vai aos EUA para discutir economia e clima com Biden

Os 2 países também pretendem enfatizar o discurso pela defesa da democracia. Ambos passaram por situação semelhante de ataque de extremistas de direita a sedes de Poderes:

6 de janeiro de 2021, Washington – o Capitólio, que abriga o Legislativo, foi invadido e depredado por apoiadores do ex-presidente Donald Trump;

8 de janeiro de 2023, Brasília – as sedes dos Três Poderes no Brasil também foram invadidas por extremistas de direita e tiveram parte de seus espaços e materiais destruídos.

 

 

Publicamente, este será um dos principais assuntos entre Brasil e Estados Unidos. No dia seguinte aos ataques brasileiros, Biden ligou para Lula e “transmitiu o apoio inabalável dos Estados Unidos à democracia do Brasil”. O petista tem defendido uma concertação internacional para se encontrar soluções para as ameaças democráticas no mundo.

Lula deve, inclusive, tratar com Biden sobre a regulação das redes sociais. O brasileiro defende que a discussão sobre o tema deva ser feita por meio de um debate global e indicou que o fórum de discussão sobre o tema deva ser o G20.

Curta e com poucos compromissos agendados, a viagem de Lula foi classificada pelo Itamaraty como de caráter político. “O principal elemento a destacar dessa visita é seu caráter político, a simbologia de ocorrer logo no início do mandato do presidente Lula”, disse Michel Arslanian Neto, secretário para a América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores.

Embora o Brasil nunca tenha rompido relações com os Estados Unidos, o contato político e diplomático entre os dois países arrefeceu desde que Biden venceu Trump nas eleições de 2020. O ex-presidente Jair Bolsonaro era alinhado a Trump e se afastou de Biden.

“É uma oportunidade para um encontro entre os 2 líderes, para ter um contato pessoal, importante para dar um impulso e uma direção à relação”, disse Neto. Ele falou com jornalistas na 3ª feira (7.fev.2023) no Itamaraty.

Lula e Biden se reúnem às 15h30 (horário local) de 6ª feira (10.fev.2023) na Casa Branca. Será a 1ª reunião bilateral entre os 2 presidentes. Eles já conversaram por telefone em duas ocasiões: em 31 de outubro de 2022, quando o petista foi eleito para seu 3º mandato, e em 9 de janeiro, depois da invasão aos Três Poderes.

Em dezembro de 2022, ainda como presidente eleito, Lula recebeu o conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan. Foi uma conversa preparatória para o encontro com Biden.

Na 6ª feira (3.fev.2023), Lula acertou os detalhes da viagem com a nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Elizabeth Bagley. Ela acompanhará a comitiva brasileira durante a visita. A nova embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, já teve seu agrément aceito pelo governo americano, ou seja, ela já pode exercer a função nos Estados Unidos porque foi aceita pelo governo de Joe Biden.

QUESTÃO CLIMÁTICA

Outro tema que permeará a conversa entre Lula e Biden será a da preservação ambiental. O Brasil tem pedido aos Estados Unidos que participem também do Fundo Amazônia, iniciativa que arrecada recursos da Noruega e da Dinamarca para conservação e combate ao desmatamento na floresta. A Petrobras também tem uma pequena participação.

ECONOMIA

Os Estados Unidos são hoje o 2º maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China. O comércio e os investimentos dos países serão focos da conversa. “Objetivo é focar em resultados concretos. Estados Unidos é o principal destino dos nossos produtos industrializados e principal destino de investimentos no Brasil”, disse Neto.

CENÁRIO INTERNACIONAL

Neutro em relação à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, Lula pretende levar uma ideia a Biden que pode não ser muito bem recebida pelo americano. O brasileiro quer montar uma espécie de “clube da paz” entre países que não adotaram lado no conflito para mediar uma negociação de paz.

Ele falou sobre o assunto em declaração a jornalistas depois de reunião com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, em 30 de janeiro, em Brasília. Na ocasião, Lula disse já ter conversado com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com Scholz sobre o assunto e cobrou dos chineses uma maior participação nas negociações pelo fim da guerra. Lula visitará a China em março, quando deve levar a proposta a Xi Jinping.

Outro assunto incômodo aos americanos que deve ser tratado por Lula é o pedido pelo fim do embargo a Cuba, que já dura mais de 60 anos, e o apoio a eleições na Venezuela. Em relação a Caracas, Lula defende reunir um grupo de países que possa ajudar a negociar a realização de eleições livres e reconhecidas pela comunidade internacional.


Última actualización el Sábado, 11 de Febrero de 2023 17:59