Além dos problemas econômicos, Cuba enfrenta uma crise demográfica Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 02 de Noviembre de 2015 12:55

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Há uma energia magnética entre Claudia Rodriguez e Alejandro Padilla, unindo o casal com os clichês da intimidade: a tendência de um terminar as frases do outro; as mãos que naturalmente gravitam na direção uma da outra; a risada compartilhada que compõe a trilha sonora do romance entre eles. O que o seu amor não comporta, no momento, é uma família.

Embora eles planejem se casar e ter filhos, vão esperar --até saírem do apartamento pequeno que dividem com meia dúzia de pessoas, ou talvez até o dia em que conseguir fraldas ou leite em pó não seja mais uma loteria. Em suma, eles vão esperar por muito tempo.

 

"Você tem que levar em consideração o mundo em que vivemos", disse Rodriguez, 24, que diz que fez dois abortos para evitar ter filhos cedo demais. Agarrando a mão de Padilla, ela diz: "seria muito mais difícil com uma criança".

Segundo quase todas as estatísticas, a demografia cubana está em apuros. Desde 1970, a taxa de natalidade está em queda livre, derrubando o número de habitantes do país, um problema muito mais comum em países industrializados e ricos, e não nos pobres.

Cuba já tem a população mais velha de toda a América Latina. Os especialistas preveem que daqui a 50 anos, a população de Cuba terá caído em um terço. Mais de 40% do país terá mais de 60 anos.

A crise demográfica é tanto econômica quanto política. O envelhecimento da população exigirá um amplo sistema de saúde, do tipo que o Estado não pode pagar. E sem força de trabalho suficiente, será mais difícil ainda quebrar o ciclo de fuga e preocupação com o futuro de Cuba, apesar dos passos hesitantes do país em se abrir ao mundo exterior.

"Estamos todos tão entusiasmados com o comércio e as viagens que acabamos negligenciando o problema demográfico", disse Hazel Denton, ex-economista do Banco Mundial que estudou a demografia cubana. "Esta é uma questão importante."

Os jovens estão fugindo da ilha em grande número, com medo de que a aproximação nas relações com os Estados Unidos sinalizem o fim de uma política que permite que os cubanos vão para os Estados Unidos se naturalizar. Até recentemente, uma lei proibia os cubanos de levar crianças para fora do país, desencorajando ainda mais pessoas de ter filhos para evitar a escolha dolorosa de deixá-los para trás.

Aqueles que permanecem em Cuba dizem que também relutam em ter filhos, citando as dificuldades de criar uma criança num país onde o salário médio estatal é de apenas US$ 20 (R$ 78) por mês.

"No fim das contas, não queremos dificultar as coisas para nós", disse Laura Gonzalez Rivera, estudante de arquitetura, ao lado do marido no centro de Havana. "Só ter um diploma não significa que as coisas estejam resolvidas. Isso não vai nos sustentar."

Gonzalez personifica uma ironia da crise demográfica cubana: à medida que o governo educou a população após a revolução, alcançando uma das taxas mais altas de alfabetização do mundo, seus cidadãos ficaram mais cautelosos quanto a ter filhos. Poucas oportunidades de trabalho, escassez de bens de consumo e a falta de moradia suficiente encorajou os cubanos a esperarem para começar uma família, às vezes por tempo indeterminado.

"A educação das mulheres é o botão que você deve pressionar quando quer mudar as preferências de fertilidade nos países em desenvolvimento", disse Denton, que agora dá aulas na Universidade de Georgetown. "Você educa a mulher, então ela tem escolhas --ela fica mais tempo na escola, casa-se mais tarde, tem o número de filhos que quer e usa métodos contraceptivos de forma mais saudável."

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Última actualización el Sábado, 07 de Noviembre de 2015 12:57