Um ano após anúncio de reaproximação, relação entre EUA e Cuba tem desafios Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 17 de Diciembre de 2015 13:07

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Após mais de 50 anos de rompimento de relações diplomáticas, os Estados Unidos e Cuba anunciaram há um ano que iriam começar uma reaproximação. O anúncio histórico foi feito pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro.

Separados por apenas 150 quilômetros pelo Estreito da Flórida, os países não tinham relações diplomáticas desde 1961. O embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba foi imposto pelos Estados Unidos em 1962.

No dia 20 de julho, os Estados Unidos e Cuba reabriram suas embaixadas em Havana e Washington, reatando oficialmente as relações diplomáticas.

 

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, foi a Cuba no dia 14 de agosto, tornando-se o primeiro chefe da diplomacia norte-americana a visitar a ilha caribenha em 70 anos, desde 1945. Em Havana, Kerry presidiu a cerimônia de hasteamento da bandeira americana na Embaixada dos Estados Unidos após 54 anos.

Em comunicado do Departamento de Estado, o encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Havana, embaixador Jeffrey DeLaurentis, disse que, ao longo deste ano, os países fizeram progressos e se engajaram em um diálogo histórico, em ampla gama de assuntos, entre eles aviação civil, serviço de correio direto e meio ambiente.

Segundo ele, um dos objetivos de Washington com a reaproximação foi aumentar o número de viagens autorizadas, o comércio e o fluxo de informação para o povo cubano.

O embaixador ressaltou, entretanto, que ainda há áreas de desacordo entre as nações, como direitos humanos. “Vale a pena lembrar que o secretário Kerry disse, durante a cerimônia de hasteamento da bandeira, que a normalização [das relações] não vai acontecer de um dia para outro”, afirmou, em nota divulgada terça-feira (15).

Avanços diplomáticos

O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Alcides Costa Vaz avalia que os maiores avanços ocorreram nos campos diplomático e político e destaca a retirada de Cuba, pelos Estados Unidos, da lista dos países que contribuem com o terrorismo. “O grande benefício desse primeiro ano foi ter revertido o clima geral, de dois países que se viam como inimigos, um resquício da Guerra Fria”.

“Do ponto de vista dos negócios, o passo mais importante dado nesse período pelos EUA foi o de colocar em campo uma série de regulações e dispositivos legais que estão flexibilizando as restrições para a realização de negócios entre os dois países”, disse Vaz.

A principal demanda cubana – a suspensão do embargo – é uma questão pendente e deve demorar a ser resolvida. “A perspectiva é de que o embargo seja suspenso, mas a dificuldade é o Congresso [americano]. Por ser um ano eleitoral e um Congresso com maioria republicana, o atual governo resolveu não pisar fundo nessa questão. O governo [de Obama] foi flexibilizando o que estava na sua alçada. Os republicanos não vão querer dar esse trunfo eleitoral aos democratas, com a corrida eleitoral nos seus primeiros momentos”, afirmou Vaz.

EBEC.COM.BR



A visão cubana: "Ainda não existe comércio real entre Cuba e EUA", diz autoridade cubana no primeiro aniversário do 17D

Apesar da aproximação iniciada há hoje um ano entre Estados Unidos e Cuba, as restrições vigentes pelo embargo impedem falar de "uma verdadeira relação comercial" - estimou a diretora da Política Comercial cubana para América do Norte, María de la Luz B'Hamel.
Em entrevista exclusiva à AFP, B'Hamel aponta "avanços positivos" na vontade dos dois países de normalizar suas relações.
Entre eles, menciona o restabelecimento do diálogo diplomático, a exclusão de Cuba da lista de países terroristas e as medidas para flexibilizar o embargo, que Havana sempre denunciou como um "bloqueio" imposto há mais de cinco décadas.
AFP: As relações comerciais entre Cuba e Estados Unidos progrediram no último ano?
B'Hamel: Achamos que houve avanços, avanços sobretudo em termos de trocas, em termos de nos conhecer. Somos dois países vizinhos que, depois de mais de 50 anos de ruptura das relações diplomáticas, com todo o peso do bloqueio, iniciam um processo de aproximação.
É incrível o desconhecimento que ainda há do alcance das medidas do bloqueio (pela parte norte-americana). Aqui, nós negociamos em ocasiões com contrapartes que se surpreendem: 'mas isso não é possível!', 'mas isso está em vigor?'. É uma situação muito complexa, muito ampla, muito enredada.
Nesse ano, recebemos uma infinidade de visitas de distintas entidades dos Estados Unidos. O tema tem sido identificar os interesses comuns, descobrir potencialidades de coisas que poderíamos fazer.
Mas não é possível falar de relações normais enquanto existir o bloqueio econômico, comercial e financeiro que os Estados Unidos impõem à Cuba e que, na verdade, não tem tido modificações substanciais.
AFP: Além da suspensão do embargo, que é prerrogativa do Congresso, Cuba pede mais medidas executivas para limitar seus efeitos. A senhora poderia nos dar exemplos?
B'Hamel: Há uma série de competências, de prerrogativas, que ainda estão na esfera do Poder Executivo, que poderiam ser aplicadas e contribuir para avançar em um clima mais favorável nas relações na área econômica e comercial.
As medidas adotadas até agora, entre janeiro e setembro, são positivas, vão em um sentido positivo, mas até esse momento, por exemplo, Cuba não pode utilizar o dólar em suas transações internacionais.
Isso afeta não só a relação entre Cuba e Estados Unidos, mas impacta também as relações de Cuba com o resto do mundo, com os parceiros comerciais que temos no mundo todo.
Por que a suspensão de restrições que foi estabelecida para o setor das telecomunicações não pode ser estabelecida em outros setores, como o de energia, onde há tantas possibilidades, de turismo, de agricultura?
AFP: Mas, em julho, Cuba conseguiu ser tirada da lista negra americana de "Estados que apoiam o terrorismo", o que paralisava a ajuda econômica dos Estados Unidos e os avanços comerciais e financeiros...
B'Hamel: Supostamente essa era uma das razões para toda a perseguição bancária e financeira à Cuba.
Entretanto, nenhuma medida foi aplicada para dar confiança aos bancos e dizer: 'bom, esse país, esse Estado (...) não tem por que ser alvo do temor dos bancos para trabalhar com ele'. Mas, não, depois disso veio a multa ao Banco Crédit Agricole da França. Isso foi muito recente (por ter violado os embargos americanos ao Irã, ao Sudão e a Cuba, ndlr).
Quando Cuba saiu da lista, no mesmo dia foi adotada a disposição de que bens produzidos em diferentes países com até 25% dos componentes de origem americana poderiam ser exportados para Cuba. Por que manter um limite e não eliminá-lo?
Esse foi um passo positivo, mas realmente esses são temas sobre os quais é necessário continuar dialogando com base na vontade das duas partes de avançar para a normalização das relações bilaterais, que não será conseguida sem a suspensão do bloqueio.

DIARIODEPERNANBUCO

 

Última actualización el Domingo, 20 de Diciembre de 2015 14:06