Cuba precisa se abrir ao mundo para sobreviver Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Jueves, 18 de Agosto de 2016 12:45

Fidel Castro chega aos 90 anos como a principal figura de uma das mais longevas ditaduras do mundo. Dos fuzilamentos de dissidentes no paredón à prisão de opositores.


Em mais de meio século, desde a tomada de Havana pelos guerrilheiros, o governo cubano cometeu e comete uma série de crimes contra os direitos humanos, como é de praxe em regimes totalitários. E mesmo afastado da presidência por razões de saúde, “el comandante”, como Fidel é chamado na Ilha, continua uma sombra a influenciar o irmão e atual presidente, Raúl Castro.

 

Como muitos países comunistas, que desmoronaram a partir dos anos 80, a falência do stalinismo tropical é questão de tempo, e Raúl Castro vem implementando reformas que sinalizam uma abertura, não por espírito democrático, mas para tentar preservar algum controle sobre um processo incontornável. Afinal, os avanços em alguns indicadores sociais, como saúde e educação, não justificam a repressão e a total falta de liberdade dos cidadãos cubanos. A evidência disso é o crescente descontentamento perceptível nas gerações mais novas, menos influenciadas pelas narrativas heroicas da revolução.

Por outro lado, após décadas tentando derrubar o regime castrista mediante uma política de embargo econômico, os EUA apenas conseguiram endurecer o regime da Ilha, justificar uma retórica anti-imperialista e piorar as condições de vida da população cubana. Por isso, representou um passo correto a política de reaproximação do governo de Barack Obama, com a abertura ao turismo e o estreitamento dos laços entre famílias cubanas e parentes de Miami. Há, porém, riscos. A iniciativa tem sido criticada por republicanos, saudosos da velha diplomacia beligerante que ajudou a manter Cuba isolada.

Seja como for, a retomada de relações diplomáticas entre Washington e Havana é um sinal auspicioso, que poderá acelerar a abertura política da Ilha, oxigenando um sistema asfixiado pelo autoritarismo. Mais do que os ganhos comerciais e a multiplicação de oportunidades de negócios, a própria lógica de prosperidade incentivará renovações no campo político e econômico. Para isso, Cuba terá que passar por reformas importantes, inclusive urbana e institucional, para restaurar o tecido social, rompido por anos de autoritarismo.

Para isso, os EUA precisarão manter a importante exigência de contrapartida cubana em termos de abertura política do país.

Cuba, por sua vez, tem a oportunidade de se reinventar como regime democrático e próspero, podendo inclusive aproveitar, como uma vantagem especial, o legado que representa o alto nível educacional de sua população. Espera-se que Raúl Castro consolide esse caminho, mesmo porque, a alternativa será uma crise de características venezuelanas.



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Última actualización el Domingo, 21 de Agosto de 2016 12:48