Contra Bolsonaro ou PT, o voto útil promete definir os rumos para o segundo turno Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Sábado, 15 de Septiembre de 2018 21:27

O eleitor brasileiro tem 13 candidatos a presidente para escolher nas eleições deste ano, mas a dinâmica eleitoral tende a reduzir muito as opções na reta final do primeiro turno. Os polos representados na campanha pelo deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora substituído por Fernando Haddad (PT), prometem dirigir as escolhas de parte da população para um voto útil, no qual o eleitor deixa de escolher seu candidato favorito para tentar evitar o que identifica como o pior resultado possível.

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A escolha pelo candidato considerado menos pior deve começar a se configurar nas próximas pesquisas de intenção de voto, aposta o diretor do Datafolha, Mauro Paulino. "Como houve esse embolamento na disputa pela segunda colocação, acho muito possível que essa prática do voto útil aumente, seja maior do que em eleições anteriores e que os eleitores já comecem a pensar nisso bem antes do que de costume, antes da última semana [de eleição]", diz Paulino. O "embolamento" a que ele se refere é o empate técnico entre Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Alckmin e Haddad, identificado pelas últimas pesquisas de intenção de voto.

 

 

Na expectativa de se descolar desse grupo, Alckmin afirmou na última quarta-feira, durante uma agenda de campanha em Betim (MG), que “Ciro foi ministro do Lula, sempre apoiou o PT, até a Dilma", e seguiu: "O Meirelles se vangloria de ter sido ministro e presidente do Banco Central do PT, a Marina Silva foi 24 anos filiada ao PT e agora o Haddad... é inacreditável você lançar uma candidatura na porta da penitenciária”. Alckmin divide eleitorado com Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e João Amoêdo (Novo), todos com cerca de 3% de intenção de voto nas pesquisas.

A expectativa é de que o voto útil poderia atrair alguns desses eleitores para o tucano. Apenas 35% dos eleitores de Meirelles se dizem totalmente decididos a votar nele, segundo o Datafolha, enquanto 43% dos votantes de Dias estão definidos. No caso de Amoêdo, a convicção é de 53%. Para rebater a estratégia, o partido Novo, em particular, tem feito campanha contra o voto útil e críticas aos tucanos. “A prisão do ex-governador do Paraná Beto Richa, atual candidato ao Senado pelo PSDB, e o mandado de busca e apreensão na casa do governador do Mato Grosso do Sul, também do PSDB, vai deixando claro como PT e PSDB são da mesma política, da velha política", diz Amoêdo em vídeo divulgado por sua campanha no qual pede renovação.

Os eleitores de Amôedo — e de Alvaro Dias — também têm sido alvo da militância pró-Bolsonaro. Os apoiadores do capitão reformado do Exército gostariam de terminar a disputa no primeiro turno, um cenário que neste momento parece muito improvável, e tentam convencer nas redes sociais os eleitores desses adversários a direcionarem seus votos para o militar reformado. "Bolsonaro pode estar a um Amoedo ou a um Álvaro Dias de vencer no 1° turno", afirmou o filho dele, Flávio Bolsonaro, em seu Twitter. Pela última pesquisa Ibope, entretanto, o deputado do PSL teria 35% dos votos válidos.

Alckmin, por sua vez, segue mirando contra Bolsonaro, com quem compete pelos votos anti-PT. "Vejo que o Bolsonaro é um passaporte para voltar o PT. Isso é fato. É só olhar o segundo turno (...) Você vota em um e elege o outro. Então vamos trabalhar muito para chegar no segundo turno”, disse durante a passagem por Minas Gerais. O melhor cenário para o tucano seria chegar à reta final de campanha com intenções de voto o bastante para ser considerado viável, o que poderia lhe render votos antes direcionados a outros candidatos de direita. Por isso, o destaque dado pelo tucano ao segundo turno parece sua grande aposta para engrenar uma campanha que evolui num ritmo devagar demais para o candidato com mais tempo de exposição na televisão.

Segundo o diretor do Datafolha, diante dos números apontados pelas pesquisas, o eleitor já começa a pensar em seu plano B. "A pesquisa é a ferramenta ideal para perceber esse voto calculado. Elas têm ganhado mais repercussão e credibilidade a cada eleição. Os próprios eleitores estão prestando mais atenção", comenta. A CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, destaca, contudo, que "não temos ainda nenhuma estimativa sobre qual é a proporção de eleitores que pretendem votar de uma forma mais estratégica". "Desde 1994, as eleições presidenciais sempre foram disputadas entre PT e PSDB, então não temos histórico de voto útil nas últimas seis eleições presidenciais. Temos observado que o eleitor decide o seu voto, cada vez mais tarde, nos últimos dias que antecedem as eleições, vamos acompanhar esse processo decisório e avaliar se há alguma movimentação no sentido do voto útil", diz.

EL PAIS; ESPANHA

Última actualización el Jueves, 20 de Septiembre de 2018 12:31