Irã aumenta enriquecimento de urânio para nível acima do fixado em acordo nuclear Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Lunes, 08 de Julio de 2019 00:28

O Irã deu neste domingo (7) o segundo passo para elevar o nível de enriquecimento de urânio, fixado em 3,67% no acordo nuclear internacional, de 2015.

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"Por enquanto, chegaremos a um enriquecimento de 5%", disse o porta-voz da Organização da Energia Atômica do Irã, Behruz Kamalvandi, em entrevista coletiva conjunta com o vice-ministro de Exteriores, Abbas Araghchi, veiculada pela televisão estatal.

 

 

O urânio de baixo enriquecimento é usado para produzir combustível para reatores nucleares, mas, potencialmente, pode servir para a produção de armas nucleares.

"Estamos totalmente preparados para enriquecer urânio a qualquer nível e com qualquer quantidade", disse Kamalvandi. "Em algumas horas, será completado o trabalho técnico, e o processo de enriquecimento superará 3,67%", emendou.

Ele também disse que, "amanhã, quando a Organização Internacional da Energia Atômica (AIEA) publicar seu relatório, o nosso nível de enriquecimento estará acima [do nível acordado]."

Segundo Kamalvandi, o nível de enriquecimento de 5% é o necessário para o fornecimento de combustível para alimentar as centrais térmicas do país, sem "aumentar o número das centrífugas".

A possibilidade de o Irã passar a enriquecer urânio acima do acordado com a comunidade internacional já havia sido anunciada pelo presidente do país, Hassan Rohani, na quarta-feira (3), sem mais detalhes.

Na sexta-feira (5), Ali Akbar Velayati, conselheiro para Assuntos Internacionais do aiatolá Ali Khamenei, disse que o enriquecimento de urânio do Irã aumentaria "o que for necessário para nossas atividades pacíficas".

"Para o reator nuclear de Bushehr, precisamos de um enriquecimento de 5%, um objetivo completamente pacífico", declarou em entrevista publicada na página do aiatolá Khamenei na internet.

A central de Bushehr (oeste) funciona com combustível importado da Rússia e é controlada de perto pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Aumento do estoque

O anúncio de Rohani foi a segunda reação do governo iraniano à saída dos Estados Unidos do pacto internacional e ao restabelecimento de sanções por parte de Washington contra Teerã.

Na segunda-feira (1º), o governo confirmou que ultrapassou o limite previsto de 300 kg de estoque de urânio de baixo enriquecimento, também previsto pelo acordo.

Sob o tratado, o Irã foi autorizado a produzir até 300 kg desse produto e a enviar as quantidades excedentes para fora do país para armazenamento ou venda.

O programa de enriquecimento de urânio do país também ficou submetido a um amplo sistema de controle pelos próximos 20 anos. Teerã aceitou ainda diminuir o número total de centrífugas de 19 mil para cerca de 6 mil, e a não conduzir pesquisas relacionadas ao enriquecimento de urânio até 2030.

O aumento das reservas e do nível de enriquecimento de urânio reduziriam o tempo que o Irã precisaria para produzir material suficiente para uma bomba nuclear, estimado em um ano. O governo nega que esse seja seu objetivo.

Em entrevista à imprensa, autoridades iranianas disseram que o país continuará reduzindo seus compromissos a cada 60 dias, a menos que os signatários europeus do pacto protejam o país das sanções dos EUA.

 

G1 GLOBO

Última actualización el Miércoles, 10 de Julio de 2019 04:31