'No meu entender, cometeu crime', diz Bolsonaro sobre Glenn Greenwald Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Martes, 30 de Julio de 2019 04:14

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (29) que, no seu entendimento, o jornalista Glenn Greenwald “cometeu um crime” no caso da divulgação de mensagens atribuídas ao ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a procuradores que atuam na Operação Lava-Jato.

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Glenn é editor do site The Intercept, que desde junho tem publicado os diálogos atribuídos às autoridades. As conversas teriam ocorrido por meio do aplicativo Telegram.

 

 

Na semana passada, a Polícia Federal prendeu quatro pessoas suspeitas de terem invadido o celular de Moro e outras autoridades. Um dos presos, Walter Delgatti, disse em depoimento que ele é a fonte que repassou os diálogos para Glenn. O site não revelou a fonte nem como obteve os registros das conversas.

"No meu entender, ele [Glenn] cometeu um crime. Em qualquer outro país, ele estaria já em uma outra situação. Espere que a Polícia Federal chegue realmente, ligue os pontos todos”, disse Bolsonaro.

Delgatti afirmou à PF que não recebeu dinheiro em troca dos diálogos. Também disse que se comunicou com o jornalista de maneira virtual, sem revelar a identidade.

Para o presidente, o caso envolve "transações pecuniárias" e o objetivo teria sido “atingir” a Lava Jato, Moro e ele próprio.

“No meu entender, isso teve transações. No meu entender, transações pecuniárias e, pelo que tudo indica, a intenção é sempre atingir, no caso aí, atingir a Lava Jato, atingir o Sérgio Moro, atingir a minha pessoa, tentar desqualificar, desgastar”, afirmou o presidente.

Para o presidente, jornalistas não podem se “escudar” no sigilo da fonte para divulgar informações de “origem criminosa”.

“Invasão de telefone é crime e ponto final. Não tem o que discutir isso daí. Não pode se escudar, 'sou jornalista'. Jornalista tem que fazer seu trabalho. Preservar o sigilo da fonte, tudo bem. Agora, uma origem criminosa, o cara quer preservar um crime, invadindo a República, desgastar o nome do Brasil", concluiu Bolsonaro.

O artigo 5º da Constituição Federal, que trata dos direitos e deveres do cidadão, estabelece que "é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".

Em uma rede social, Greenwald escreveu nesta segunda-feira uma mensagem em que cita incisos do artigo 5º e diz que alguém poderia "mostrar ao presidente Jair Bolsonaro o que a Constituição garante". "Acho que seria útil", completou o jornalista.

'Não há dúvida', diz porta-voz

Na noite desta segunda-feira, o porta-voz de Bolsonaro, Otávio do Rêgo Barros, foi questionado sobre qual teria sido o crime cometido por Glenn Greenwald.

"Há alguma dúvida sobre o crime?", respondeu o porta-voz. Um jornalista, então, disse que sim e que queria saber qual era o crime cometido por Glenn, na visão de Bolsonaro. "Não há dúvida por parte do presidente, não há dúvida. Acho que não há dúvida por parte de ninguém", acrescentou Rêgo Barros.

"Eu quero saber qual crime o jornalista cometeu", declarou o jornalista, em seguida. "Repito: há alguma dúvida que houve o cometimento de crime?", respondeu o porta-voz. Otávio Rêgo Barros, então, disse que "esta é a resposta" e pediu aos jornalistas que fizessem outra pergunta.

Diante da resposta negativa por parte dos jornalistas que cobriam a entrevista coletiva, o porta-voz de Bolsonaro disse que, no entendimento do presidente da República, o hackeamento das ligações visa atingir o governo, Bolsonaro e o ministro Sergio Moro.

Na sequência, Rêgo Barros disse que Bolsonaro "não coloca em xeque" a liberdade de imprensa. Ele foi indagado, então, se inclui Glenn Greenwald entre os hackers. "No todo, vocês têm que entender o contexto no todo", respondeu o porta-voz.

 

G1 GLOBO

Última actualización el Sábado, 03 de Agosto de 2019 21:34