Macron isolado: G7 evita confronto com Bolsonaro e cita soberania dos países amazônicos |
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Lunes, 26 de Agosto de 2019 12:48 |
Postura agressiva defendida por Macron foi minoria e a falta de adesão a suas posturas levaram a 'um mínimo denominador comum'. Após o segundo dia de debates do encontro entre os líderes dos países do G7 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá), o presidente da França, Emmanuel Macron , afirmou que o grupo concordou em ajudar os países atingidos pelas queimadas na Amazônia “o mais rápido possível”, sem dar detalhes nem prazos, evitando confrontos com o presidente Jair Bolsonaro.
Macron utilizou o termo “convergência” para se referir ao consenso alcançado e assegurou que, “respeitando a soberania, nós devemos ter um objetivo de reflorestamento”. O anfitrião da cúpula realizada em Biarritz que termina hoje afirmou, ainda, que “há contatos” sendo feitos pela França “com todos os países da Amazônia” para disponibilizar “meios técnicos e financeiros”. — A importância da Amazônia para esses países e para a comunidade internacional é tão grande em termos de biodiversidade, oxigênio e luta contra as mudanças climáticas, que precisamos contribuir com a restauração — disse Macron. — Merkel deixou claro que o confronto direto dificilmente ajudaria, ela sabe que isso só serviria para fortalecer a narrativa do presidente Bolsonaro e justificar posturas nacionalistas e teses de que o Brasil está sob ataque externo — opinou Oliver Stuenkel, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmando que “existe uma compreensão por parte de muitos países europeus de que a questão de Amazônia é de longo prazo”. — Uma posição dura do ponto de vista retórico fortaleceria narrativas internas, mas não ajudaria a resolver o problema — disse o pesquisador. Stuenkel acredita, ainda, que o debate sobre o acordo entre Mercosul e UE está longe de terminar e sua efetiva implementação ainda é um dos principais desafios do governo Bolsonaro em matéria de política externa: — A tensão não acabou, a crítica a Bolsonaro continua sendo útil para Macron. Macron isoladoOs analistas ouvidos pelo GLOBO coincidiram em apontar que em Biarritz o presidente francês foi minoria e a falta de adesão a suas posturas iniciais levaram a “um mínimo denominador comum”. Sua atitude contrastou com a adotada no final da semana passada, quando Macron assegurou que as queimadas na Amazônia eram uma “crise internacional” e chegou até mesmo a condicionar a aprovação por parte de seu país do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), argumentando que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), mentira sobre seus compromissos com o meio ambiente. — Macron encontrou um ambiente menos receptivo do que esperava. Sua declaração expressa preocupação pela Amazônica, mas não se fala em ameaças e sim em abertura para o diálogo e a cooperação. É uma oportunidade para o Brasil. Bolsonaro não comentaBolsonaro, por sua vez, não comentou o pronunciamento do presidente francês. Semana passada, o chefe de Estado acusara Macron de usar “um tom sensacionalista” para se referir à Amazônia “apelando até para fotos falsas”. Quem respondeu a Macron foi o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Com ironia, o ministro disse no Twitter que o presidente francês poderia começar pagando os “US$ 2,5 bilhões de crédito do Brasil pendentes desde 2005”. Uma câmera de TV que filmava os líderes do G7 à mesa, antes do início de mais uma rodada de discussões, flagrou uma conversa lançada pela chanceler alemã Angela Merkel sobre um eventual contato com o presidente Bolsonaro. “Anunciei que vou ligar para ele (Bolsonaro) na próxima semana, para que não tenha a impressão de que estamos agindo contra ele”, disse a chanceler. “É, acho que isso é importante”, concordou o premier britânico, Boris Johnson. Macron acrescentou: “Sim. Nós ligaremos para ele?”. “Sim, eu ligarei para ele”, concluiu Merkel, antes que um segurança interrompesse a filmagem. Pouco depois, Bolsonaro postou o vídeo em seu perfil no Twitter, acompanhado de um comentário: “Desde o princípio busquei o diálogo junto aos líderes do G7, bem como da Espanha e do Chile, que participam como convidados. O Brasil é um país que recupera sua credibilidade e faz comércio com praticamente o mundo todo”. O anúncio francês de que não ratificará o acordo comercial entre o Mercosul e a UE enquanto o governo brasileiro não se prontificar a respeitar as exigências do Acordo de Paris sobre o clima, não teve, ontem, novas repercussões. Pelo menos, não externamente de parte de Macron. A iniciativa francesa não recebeu o apoio esperado dos demais países da UE, que preferem manter o pacto comercial dissociado da atual disputa ambiental com o Brasil. O'GLOBO |
Última actualización el Viernes, 30 de Agosto de 2019 04:36 |