Crise Brasil-China provocada por fala de Eduardo Bolasonaro preocupa diplomatas e governo Imprimir
Escrito por Indicado en la materia   
Sábado, 21 de Marzo de 2020 00:49

A declaração de Jair Bolsonaro foi dada após o governo receber alertas do agronegócio dos possíveis impactos da crise diplomática nas exportações. O próprio presidente disse na manhã desta sexta que conversou sobre o assunto com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

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O tom da posição de Araújo em resposta ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, causou surpresa entre diplomatas. Nas palavras de um embaixador, incentivar essa crise pode ter um reflexo forte no comércio exterior, já que a China é o nosso maior parceiro comercial, sendo o grande importador da soja brasileira, do petróleo, de minério de ferro, entre outros produtos.

 

A avaliação majoritária no Itamaraty é que é um erro o Brasil fazer um alinhamento automático à política externa do governo do Estados Unidos e que isso pode trazer prejuízos ao país.

Segundo dados do Ministério da Economia, no ano passado, 79% das exportações de soja do Brasil foram para a China. O principal destino das exportações de “óleos brutos de petróleo” também é a China, que compra 64% destes produtos, seguida por Estados Unidos, que compra 13%.

Outro embaixador da ativa ouvido pelo blog foi ainda mais crítico em relação a posição de Ernesto Araújo e lembrou que essa não é a tradição da diplomacia brasileira. “Está destruindo a relação com a China. O estrago está sendo imenso. Lamentável, para dizer o mínimo”, lamentou esse embaixador.

A crise diplomática teve início na noite de quarta-feira (18), quando o deputado Eduardo Bolsonaro escreveu numa rede social:


“Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. [...] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. [...] A culpa é da China e liberdade seria a solução”.


Em seguida, Eduardo Bolsonaro compartilhou postagens acusações ao governo chinês pela pandemia de coronavírus.

A resposta chinesa foi imediata e em rede social. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, afirmou que: “A parte chinesa repudia veementemente as palavras do deputado, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês”. O embaixador também compartilhou com seguidores mensagens de outras pessoas que criticavam a família Bolsonaro.

Só no início da tarde desta quinta-feira (19), o ministro Ernesto Araújo assumiu a defesa do presidente Jair Bolsonaro por causa das mensagens críticas à família Bolsonaro, e repreendeu o embaixador chinês, dizendo que a reação dele foi desproporcional e que feriu a boa prática.

“É inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores. As críticas do deputado Eduardo Bolsonaro à China, feitas em postagens ontem à noite, não refletem a posição do governo brasileiro. Temos expectativa de uma retratação por sua repostagem ofensiva ao chefe de Estado”, escreveu Araújo em nota.

O ministro Ernesto Araújo disse ainda que iria conversar com Eduardo Bolsonaro e com o embaixador da China para promover o entendimento.

Última actualización el Martes, 31 de Marzo de 2020 01:17