Lula diz que espera bom senso na tensão que envolve Venezuela e Guiana |
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Domingo, 03 de Diciembre de 2023 16:13 |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (3), pouco antes de embarcar para Berlim, na Alemanha, que espera bom senso na mais recente tensão criada na América do Sul, envolvendo a Venezuela e a Guiana. "O que a América do Sul não está precisando é de confusão. Não se pode ficar pensando em briga. Espero que o bom senso prevaleça, do lado da Venezuela e do lada Guiana", disse. Lula não acredita que a tensão entre os dois países leve a um enfrentamento.
"A humanidade deveria ter medo de guerra. Só faz guerra quando falta bom senso. Vale mais a pena uma conversa do que uma guerra".
O presidente brasileiro acrescentou que é preciso pensar nos povos e não numa guerra. "Se tem uma coisa que estamos precisando para crescer e para melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo, e não ficar pensando em briga, não ficar inventando história". Referendo
Os eleitores venezuelanos votam neste domingo em um referendo no qual vão dizer se querem que a região de Essequibo, que hoje pertence à Guiana, seja incorporada à Venezuela. Segundo Lula, os venezuelanos vão votar a favor de seu presidente: "O referendo vai dar o que o Maduro (Nicolás Maduro, presidente da Venezuela) quer. Mas vamos ver o que vai dar". O Ministério da Defesa do Brasil ampliou a presença militar na região do território brasileiro perto da fronteira e diz que está acompanhando as discussões. O presidente da Guiana, Irfaan Ali, planeja estabelecer bases militares com apoio estrangeiro. Recentemente, ele foi ao território de Essequibo com militares e esperava receber equipes do Departamento de Defesa na capital do país, Georgetown. O ministro da Defesa venezuelano, general Vladimir Padrino, fez críticas ao presidente da Guiana: "Com esses estilos e formas de 'valentão de bairro', não vamos resolver essa questão. Essa disputa não é assim, não é convocando o Comando Sul (exército dos EUA) para estabelecer uma base de operações nesse território, com essa arrogância (que se resolve)", afirmou Padrino. Problemas geopolíticos
Para Ronaldo Carmona, professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra e pesquisador sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), a questão deveria ser resvolvida pelos sul-americanas, e o conflito pode acabar justificando uma interferência externa. "A Guiana diz que se sente ameaçada e cogita instalar bases militares estrangeiras, uma representação do exército americano foi para Georgetown recentemente. O risco dos americanos militarizarem a Guiana é bastante grande", diz ele. A origem do problema
O território de Essequibo, uma área maior que a da Grécia, é disputado pela Venezuela e Guiana há mais de um século. Desde o fim do século 19, está sob controle da Guiana. A região representa 70% do atual território da Guiana e lá moram 125 mil pessoas. Na Venezuela, a área é chamado de Guiana Essequiba. É um local de mata densa e, em 2015, foi descoberto petróleo na região. Estima-se que na Guiana existam reservas de 11 bilhões de barris, sendo que a parte mais significativa é "offshore", ou seja, no mar, perto de Essequibo. Por causa do petróleo, a Guiana é o país sul-americano que mais cresce nos últimos anos. Tanto a Guiana quanto a Venezuela afirmam ter direito sobre o território com base em documentos internacionais.:
O regime de Nicolás Maduro organizou um referendo a respeito da relação entre a Venezuela e o território de Essequibo. Agendado para este domingo (3), a consulta terá cinco perguntas.
Questão mal resolvida
"Esse plebiscito já está aprovado, pois os venezuelano não vão votar contra. A questão é se a consequência disso será uma ação para a anexão de Essequibo ou não, afirma Carmona, o professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra. O petróleo na região agravou a disputa, porque a Venezuela argumenta que a Guiana está comercializando blocos que não são dela. Por fim, há a situação política da Venezuela. Depois de anos em crise, o país espera uma melhora econômica com a retirada das sanções. Uma das medidas que os Estados Unidos impuseram para retirar as sanções é a realização de eleições presidenciais limpas em 2024. Vive-se um clima de pré-campanha na Venezuela, e esse assunto é uma questão nacional do país há séculos, une todo mundo, mesmo a oposição não ousa falar contra a questão de Essequibo. "Nicolás Maduro, o presidente da Venezuela, não colocaria em risco a recuperação da economia que poderá ser alcançada com o fim das sanções à indústria petrolífera em função de que uma campanha militar que levaria a um confronto não só com Guiana, mas muito provavelmente com outras potências extraregionais, que poderiam levar ao retorno das sanções, anulando a possibilidade da recuperação econômica", diz Carmona.
G1 GLOBO |
Última actualización el Jueves, 14 de Diciembre de 2023 14:38 |