Prognóstico reservado Imprimir
Escrito por Fuente indicada en la materia   
Miércoles, 23 de Diciembre de 2009 12:00

Por Yoani Sánchez

“A estagnação é a dinâmica da deterioração” disse-me um amigo, entre filosófico e pessimista, ao escutar o discurso de Raúl Castro na Assembléia Nacional ontem. A corda de nossos prognósticos não havia sido tensionada esperando um possível anúncio de mudanças, porém alguma expectativa nos restava acerca de certas medidas grandemente prometidas. Todavia, ao pronunciar as palavras oficiais para encerrar 2009, o segundo secretário do Partido parecia estar mais inclinado ao freio do que ao timão, mais cauteloso que empreendedor, muito mais conservador do que atrevido.

Nossos parlamentares, por sua vez, voltaram a perder a oportunidade de fazerem perguntas incômodas, oporem-se numa votação ou terem discussões acaloradas. Talvez com esta deixaram ir a última ocasião de impelirem uma abertura desde cima e quebrarem essa imagem de coro mudo que têm mostrado durante mais de tres décadas. O debates acontecidos no Palácio das Convenções e transmitidos pela televisão pareciam sucederem-se num país longínquo que conta com tempo suficiente para adiar - mais de uma vez - as transformações necessárias.Nem sequer o eufemismo de “atualização do sistema econômico” incluiu as demandas mais importantes da cheia agenda popular.

Deste quarto período ordinário de sessões, apenas se passarmos a limpo de modo claro o nome do ano novo, um crescimento minguado do PIB que - ainda assim - continua nos parecendo inflado e a ameaça de cortes futuros que ninguém substancia. Apesar de certas frases de tom pragmático ditas na locução final, o voluntarismo e as ordens que chegam de cima continuam dando forma à principal estratégia para governar o país. De maneira que a figura do parlamentar perde cada vez mais a importância, pois o nosso plano mestre é cozinhado num único escritório, é referendado com um par de assinaturas apenas. Não me surpreenderia que em fevereiro ou março se implemente um pacote de cortes e ajustes que não passará - sequer - pela complacente mão levantada destes deputados.

Em meados do ano entrante a Assembléia Nacional se reunirá de novo para dar seu aplauso, sua conhecida dose de cumplicidade e seu silêncio.

Traduzido por Humberto Sisley de Souza Neto

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Diciembre 21st, 2009 | Categoría: Geração Y | 43 comentarios