Mais que cana, mais que charutos. Parece que o maior produto de exportação de Cuba no Século XXI é o profissional de medicina. O Brasil anunciou que pretende importar 6 mil médicos, para áreas onde falta atendimento médico no país.

Independentemente da necessidade real dessa "importação", da ideologia que vem de brinde, das desconfianças e paranoias de quem acredita que os médicos cubanos são "espiões castristas" e outras bobagens do gênero, o que mais chama a atenção é a capacidade de formação de novos médicos em Cuba.

É sabido que os médicos brasileiros preferem viver nas cidades grandes, onde há mais trabalho e a qualidade (infra-estrutura, medicamentos e treinamento) é melhor.

Mas são 6 mil cubanos, para uma área em que existem 370 mil médicos em atividade, segundo o Conselho Federal de Medicina.

Se o Brasil tem 370 mil médicos em atividade – e uma impressionante explosão de escolas de medicina – significa que a cada 513 habitantes há um médico.

A ilha do Caribe tem 11 milhões de habitantes. Se a relação é de 1 médico para cada 500 habitantes, teríamos 22 mil médicos em Cuba. Mas considerando que há um sistema educacional de excelência, melhor pensar grande. O dobro. Por exemplo, a cada 250 cubanos, um forma-se em medicina. Pois bem, seriam 44 mil médicos em Cuba.

Acontece que oficialmente 15 mil médicos cubanos vivem na Venezuela. E estima-se em 25 mil o número real. Além disso Cuba "exporta" médicos a outros 70 países. Pensando de maneira conservadora, 100 médicos para cada país, ou seja, mais 7 mil médicos.

25 mil + 7 mil + 6 mil que virão ao Brasil = 38 mil médicos. Sem falar nos que vivem em Cuba, para garantir a saúde exemplar da Ilha. Quantos? 20 mil? 30 mil?

Essa conta não fecha. Há alguma coisa errada. Na Venezuela há informações que muitos cubanos imigrantes são, na verdade, paramédicos. São necessários, resolvem os problemas básicos, mas não são médicos. Talvez os paramédicos estejam nessa conta, técnicos em primeiro-socorros e diagnóstico dos principais males através dos sintomas.

A Venezuela também já denunciou que muitos – a maioria – dos médicos cubanos deixaram o país, em direção aos Estados Unidos – sonho dourado de muitos cubanos. Difícil saber se é verdade.

Fato é que a fábrica de médicos de Cuba está causando muita discussão no Brasil.

Vale a pena?

Tomado de TERRAMAGAZINE