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Por que as pesquisas eleitorais se distanciam tanto da realidade |
Escrito por Indicado en la materia |
Miércoles, 22 de Octubre de 2014 22:26 |
"Hoje é segunda-feira, dia 6 de outubro. Considerando a margem de erro do Ibope, feliz Natal!” Brincadeiras assim se espalharam pelas redes sociais nas últimas semanas. A razão foram as divergências entre os resultados de pesquisas eleitorais e das eleições reais.
Pesquisas feitas com eleitores logo após o momento do voto erraram ao estimar os resultados para dez candidatos – entre eles, Dilma Rousseff (PT) e Anthony Garotinho (PR) – para mais –, e Aécio Neves (PSDB), Geraldo Alckmin (PSDB) e Rui Costa (PT) – para menos. O que aconteceu? Poderemos contar com pesquisas melhores no futuro? Os erros mais graves ocorreram nas pesquisas do tipo boca de urna. Elas deveriam chegar a números consistentes com a apuração das urnas, mas erraram muito. O problema ocorreu nas disputas pela Presidência da República e pelo governo dos Estados da Bahia, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e de São Paulo.
Fora o prejuízo à imagem de respeitados institutos de pesquisa, as piadas revelam um cenário preocupante. Pesquisas eleitorais servem de ferramenta de decisão para eleitores, partidos e candidatos. É comum que o cidadão use os números para tomar decisões cruciais – escolher entre voto útil e voto de princípios, ou escolher, entre dois candidatos, qual considera com maior chance de bater um terceiro. Se nem a pesquisa de boca de urna reflete a realidade, fica ainda mais difícil confiar nas pesquisas de intenção de voto, feitas antes das eleições.
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Para os críticos mais radicais, as pesquisas eleitorais, como concebidas hoje, nem deveriam ser publicadas. É a opinião do estatístico José Ferreira de Carvalho, professor aposentado da Unicamp e livre-docente pela Universidade de São Paulo. Carvalho defende o uso de amostras aleatórias – isso pode ser feito por meio do sorteio de telefones a ouvir ou endereços a visitar. “A amostragem por cotas, largamente usada em pesquisas de mercado, não deveria ser considerada alternativa válida”, afirma. Carvalho também afirma que o conceito de margem de erro, como aplicado hoje pelos institutos, vale para pesquisas probabilísticas, feitas com base em amostras aleatórias, e não para aquelas de amostragem construída. A fim de fazer sua pesquisa de boca de urna à moda tradicional, que deu errado, o Ibope ouviu 64 mil eleitores, um imenso esforço. Uma pesquisa de amostra aleatória não precisaria ouvir tanta gente.
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Há outros pontos de divergência entre os estatísticos. Hoje, a prática comum é que uma nova amostra seja organizada a cada nova pesquisa, a fim de obter um retrato atual e fiel da população. Parte dos especialistas afirma que os institutos deveriam usar também dados de pesquisas anteriores, as séries temporais. Ferramentas matemáticas conseguem separar qual parte das amostras anteriores pode ser usada e qual deve ser desprezada. Outra medida, mais simples e conciliadora, é apenas garantir duas atitudes dos pesquisadores em campo. Primeiro, que apresentem as perguntas de forma mais neutra e eficaz, para não induzir os entrevistados. Segundo, que se esforcem para respeitar os critérios que definem a amostragem. |
Última actualización el Sábado, 25 de Octubre de 2014 13:32 |
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