Cuba está a bloquear telemóveis que enviem sms que critiquem o governo do país. O governo comunista de Cuba está a procurar em mensagens de texto por palavras como "democracia" e "direitos humanos" para de seguida bloquear os telemóveis que as usem, anunciaram os dissidentes esta segunda-feira.

O trabalho investigativo levado a cabo pelo blogger Yoani Sanchez e pelo jornalista Reinaldo Escobar conclui que as mensagens falhariam em chegar ao seu destino caso fossem utilizadas palavras em espanhol para democracia, direitos humanos, greve de fome bem como os nomes de alguns dissidentes.

O chefe do grupo de jovens da oposição Somos Mas, que também participou na investigação, disse que foram identificadas cerca de 30 palavras que levavam ao bloqueio mas podem haver mais.

"Nós sempre achámos que as mensagens desapareciam porque o servidor é muito incompetente, por isso nós decidimos verificar ao utilizar palavras que incomodariam o governo", explicou Eliecer Avila.

E acrescenta que "descobrimos que não somos só nós, mas que todo o país está a ser censurado. Isso só mostra como o governo está inseguro e paranoico." Não ficou estipulado durante quanto tempo este filtro às mensagens de texto estaria em vigor.

Cuba já acusou várias vezes os Estados Unidos de querer utilizar as telecomunicações para afundar o governo e chamou a outros opositores mercenários que trabalham para Washington.

De tal forma que Cuba não confia nos Estados Unidos como fornecedores de acesso à internet. As autoridades cubanas parecem mais interessadas em trabalhar com a Rússia no que respeita à segurança cibernética, enquanto que a China fornece a maior parte da tecnologia de comunicações da ilha das Caraibas.

A própria Reuters tentou, sem sucesso, enviar mensagens com as palavras "democracia", "direitos humanos", "Somos Mas" e Yoani Sanchez". Mensagens que utilizassem palavras espanholas para "protesto" passaram. As mensagens que não chegassem ao seu destino apareciam como "enviado" no telemóvel dos utilizadores.

Cuba chegou tarde às comunicações modernas ao autorizar os telemóveis em 2008 e o acesso à internet apenas no ano passado. O governo de Cuba chegou mesmo a bloquear sites e jornais online que acredita serem financiados pelos Estados Unidos, mas permite sites de jornais críticos como o El Nuevo Herald e o El Pais.

A Reuters afirma que especialistas estimam que entre 25% e 30% dos 11,2 milhões de habitantes de Cuba têm acesso à internet, principalmente via wi-fi pública, embora mesmo esta seja pouco utilizada devido às altas taxas. No entanto, apenas 5% da população tem internet em casa, o que requer uma permissão especial por parte do governo.

DN.PT